terça-feira, 15 de setembro de 2009

O dia que você nasceu...

Filha, como demorei para começar este blog, tenho um tanto de momentos importantes para registrar que já passaram. E sinto que devo fazer isso logo, pois minha memória não é lá aquelas coisas...

Era uma quinta-feira ensolarada. Lembro-me de ter dormido bem e a noite inteira. As contrações ainda eram espaçadas, mas sentia que realmente aquele era o seu dia. Isso porque marcamos seu nascimento para o dia 12 de março, quando completaríamos 9 meses de gestação. Marcamos a data porque infelizmente eu não estava apta a tentar o parto normal, e já que era para decidir, escolhemos uma data bonita: 12. Mas, mesmo que não tivessemos decidido, aquele seria o seu dia.

Acordei bem cedo, fui até a sala e olhei para as malas que já estavam prontas e a postos, perto da porta, havia algum tempo. Peguei a filmadora, e acordei o papai para o dia mais importante da vida dele.

Era um dia incrível, bem azul e amarelo. Eu já tinha feito tudo o que devia, só faltava ajeitar os cabelos (se eu não tivesse ajeitado, certamente você teria chorado muito mais ao nascer e ver a situação da mamãe). Deitei-me no sofá para esperar o tempo passar e coloquei o DVD do Trazendo a Arca, emprestado do Tio Japa e Tia Kinha.

Devo confessar que, apesar de não aparentar, meu coração estava eufórico, numa mistura estranha de medo, ansiedade, felicidade, insegurança... Medo da cirurgia, dos procedimentos, da anestesia, de ficar sozinha na sala de recuperação sem o papai. Ansiedade para ver logo seu rosto lindo, te sentir no meu colo e ver a perfeição de Deus em você. Felicidade por realizar meu maior sonho, por ver se fazer carne o amor que papai e eu sentimos. Insegurança por não saber se daria conta de suprir todas as suas necessidades, se conseguiria plantar em você sementes boas, se te inspiraria a ter um caráter cristão... Quanta coisa!

E então, Deus sutilmente falou comigo por meio do louvor "Sobre as águas". Naquele momento comecei a chorar feito criança. Chorei bem mais do que você, horas depois. Deus me mostrava que Ele estava acima de tudo e que minhas ansiedades e medos deveriam ser lançados em Seus pés. E foi o que fiz. Assim como se faz com o pai, eu me deitei no colo dEle e chorei bastante... Daquele choro que alivia a pressão do peito. Um choro tão eufórico e estranho quanto meu coração... Também de alegria, felicidade, medo, insegurança... E entrei numa sintonia incrível com o Espírito Santo, que não me deixou um minuto sequer.



Depois de me refazer, almocei um filé de frango com purê de batatas e iniciei o jejum, necessário para a cesárea. E continuei ligada em Deus. Fui à cabeleireira e continuei ligada em Deus. Depois fomos para o hospital o papai, o vovô Jorge, a vovó Lúcia, a vovó Su e nós duas. Na internação, me senti como se estivesse fazendo check in num hotel... Mas para iniciar a estadia da melhor viagem da minha vida.

Você é muito querida, filha! Aos poucos nossos amigos e parentes iam chegando, todos muito ansiosos por sua vinda. No final das contas, o hall do berçário estava cheio de gente querida - umas 50 pessoas! O papai disse que ouviu uma pessoa comentar no elevador: "Xi, nasceu o filho do Ronaldinho! Tem muita gente aí!"... huiahaiuha....



Enquanto esperávamos a Dra. Elaine chegar, as contrações iam aumentando, e meu coração disparava. E, por volta de 19h, fomos para o centro cirúrgico. Que emoção. Quanta alegria...



Às 20h começaram os procedimentos e a Dra. Elaine confirmou o que suspeitávamos: a placenta não aguentaria mais 3h... Aquele, realmente, era o seu dia, querida! Exatamente às 20h36 você surgiu por detrás daquele pano azul, e aqueceu aquela sala fria com sua presença. Quando você começou a chorar, papai segurou sua mão pequena e falou com você... E logo você parou de chorar...



Quando ouvi seu choro pela primeira vez, chorei também... De soluçar! Eu sabia que aquele som seria um alarme pra minha vida, que seria o som mais forte, que me faria deixar tudo e todos para socorrer. Sabia que ali começava a melhor etapa da minha vida, que eu deixaria de ser eu e seria para você.



E você veio no colo da enfermeira e foi aconchegada no meu ombro.... E quando seu rosto tocou o meu rosto, você parou de chorar. Nunca vou me esquecer da sensação da sua pele naquele momento. A melhor sensação da vida! E ficamos ali, nós três, por um bom tempo, te recepcionando em nossa família com muito amor e carinho. E falávamos com você, como se você entendesse... E entendia.



Depois, você foi para o berçário e fez chorar todos os que estavam lá te esperando. E eu fui para a sala de recuperação, Tontinha da Silva.



Por volta de 22h30 eu fui para o quarto com o papai e te esperamos até 2h da manhã, quando você veio para mamar pela primeira vez. Que delícia! Apesar de não me lembrar de muita coisa, pois ainda estava sob efeito da anestesia, lembro-me bem de fazer todo o esforço do mundo para estar acordada e te alimentar.



(Aliás, eu resisti bravamente ao efeito da anestesia... O papai diz o contrário. Afirma que, durante o procedimento cirúrgico, eu falava para o anestesista: "Dr., se o sr. perguntar meu nome, digo que é Bin Laden". HA HA. Eu??? Num disse nada disso).



Foi assim que você chegou... Os outros dias no hospital foram mesclados de serenidade (sábado pela manhã foi o período mais gostoso, jamais me esquecerei daquela sensação de paz: papai colocou louvores pra tocar no notebook; vovô Jorge preparando a pregação do dia seguinte; vovó Lu, mamãe e você dormindo, como três anjinhas) e agitação (chegamos a ter mais de 30 pessoas ao mesmo tempo no quarto e quase 120 visitas no total - uhuuu queridona!).



Saímos do Hospital São Luiz dia 15 de março por volta do meio dia. E eu te carregava com todo cuidado do mundo, como uma criança que esperou por muito tempo para ter sua boneca de porcelana e quando ela chegou, envolveu-a em seus braços com todo cuidado e amor...

Um comentário:

  1. A Tia Nina estava lá no hospital quando você nasceu, Aninha! Confesso que estava nervosa, ansiosa e com um pouco de tontura (a Tia Nina é um pouco cagona p/ esses lugares, sabe?!). Estava lotado de parentes e amigos! Todo mundo na expectativa.
    E quando o Papai apareceu com a noticia, foi só alegria! E ele ainda ficou mostrando p/ todo mundo os vídeos que ele fez na sala de parto (menos pra mim que fugi nessa hora!).
    Quando você apareceu, foi o ápice da emoção: Vovó Lucia ria, Vovó Su chorava, o Vovo Puá chorava o dobro e dizia que seu narizinho era igual o dele, Dri e Pipi se acotovelavam em frente ao vidro do berçário pra te ver e o Tio Juninho tirava foto, filmava e... choraaaaaaaaava aos litros (típico do Titio, nem esquenta). O Papai tava lá, todo orgulhosão olhando p/ vc e pensando na Mamãe lá dentro.

    E eu? Eu estava espantada com o tamanho das suas pernas... Meu Deus!!!

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