quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Nosso herói

Hoje perdemos a hora. Dia de rodízio, devemos acordar às 4h, sair de casa às 5h, te deixar na vovó Su às 5h30 e seguir para o Senac. O despertador do celular tocou mas, eu e minha mania do "só mais 5 minutinhos...", perdi a hora. Acordei com você me olhando fixamente, e procurando sua petita. Como se dissesse: "Mamãe, acorda pra me dar a chupeta e veja que está atrasada". Olhei no celular e já eram 4h54. Jesus!

Pulei da cama e puxei o papai junto. Enquanto tomei banho, ele escovou os dentes, lavou o tira leite e ajeitou suas coisas. Depois, eu corri para me ajeitar e em menos de 20 minutos estávamos prontos, no elevador.

Você mamou durante o percusso todo até a casa da vovó. E quando paramos o carro em frente à portaria, tentei tirar o peito e você ainda o procurava. Aí meu coração partiu. Você queria mais de mim, e eu mais de você.

Te deixamos com a vovó Su, que já te esperava de café tomado, pronta, como se fosse 8h da manhã, e não quase 6h. E seguimos voando para o Senac, com medo de ultrapassar o horário do rodízio.

Cheguei aqui 6h23, ligeui o computador e coloquei de cara um louvor - tem dias que a gente precisa mais de Deus do que se imagina. E, colocando minhas coisas no lugar, abri a sacola verde com flores de fuxico que fizemos na igreja no dia das mães, e vi um embrulho de papel toalha. Era um pão com manteiga sem miolo, do jeito que eu gosto e que o papai preparou pra mim.

Quando vi, meus olhos encheram de lágrimas: mesmo em meio à correria e ao atraso, o papai parou pra pensar em mim, pra me agradar. Tenho certeza que ele mesmo não comeu nada - e ainda não deve ter comido. Mas pensou em mim, e não nele.

Ele é assim, filha, você vai ver. Pensa muito em nós, cuida muito da gente.

Estou lendo um blog de uma mulher que relata como é criar seu filho sozinha, sem o marido, que faleceu 2 meses antes do bebê nascer. E por alguns instantes me coloco no lugar dela e logo me desepero. Não me vejo sem seu pai, nem durante a gravidez, nem agora.

Ele foi meu companheiro, no sentido exato da palavra, durante toda a gravidez. Lembro-me do dia em que decidimos tentar engravidar. Eu perguntei: "Pronto pra ser papai?" e ele sorriu e respondeu "Acho que sim". Eu sempre soube que ele seria o melhor pai do mundo, pois era o melhor marido.

No início da gravidez enjoei demais, e ele sempre esteve ao meu lado. Ele nunca tinha apoiado ninguém durante uma crise de vômito, mas estava lá, firme e forte, segurando minha testa enquanto meu estômago parecia virar ao avesso. Por três meses ele fez comida sem tempero nenhum para nós, e nunca reclamou disso. Fez suco de maracujá às 3h da manhã, quando acordei assustada por um pesadelo. Me achava linda e sempre me elogiava, mesmo quando eu estava mais para Capitão Caverna do que para a Cinderela.

Pintou seu quarto, montou os móveis e desenhou a cerejeira que ilustra uma das paredes. Quis filmar o parto, e tirar foto e comemorar ao mesmo tempo.

E tem tanto mais para falar dele... Que acho que jamais esgotarei. Mas, por enquanto, vale dizer que ele é o nosso herói.


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